terça-feira, 19 de junho de 2012

A CASA MENTAL

A Psicanálise data de 1882, por Sigmund Freud. Segundo ele, o ID (isso) é formado por instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes e regido pelo princípio do prazer, que exige satisfação imediata. É a energia dos instintos e dos desejos em busca da realização desse princípio do prazer. É a libido. O ID a princípio responde as necessidades do indivíduo ao nascer, ou seja, ao nascer o indivíduo está voltado para as suas necessidades básicas.
Já o EGO (ou EU) é o centro da consciência, soma total dos pensamentos, idéias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. Parte mais superficial do indivíduo e,
O SUPEREGO é inconsciente; é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao ID, impedindo-o de satisfazer plenamente os seus instintos e desejos. É a repressão, particularmente, a repressão sexual. Manifesta-se à consciência indiretamente, sob forma da moral.
Segundo alguns autores, o superego é formado a partir da convivência, onde se assimila ordens e proibições. Forma-se, nessa convivência, uma espécie de auto-consciência moral Some-se a isso os conflitos conscienciais, que interferem no presente. 
O superego desenvolvido é caracterizado pela lucidez que o indivíduo apresenta. E lúcido é todo aquele que consegue discernir entre o certo e o errado. Jesus, o maior Psicanalista que existiu, dizia: Que veja quem tem olhos de ver e ouça quem tem ouvidos de ouvir.
Na Primeira edição do livro “No mundo maior” 1947, capítulo – A Casa Mental, psicografia de Chico Xavier, os espíritos André Luiz e Calderaro, prestavam atendimento aos encarnados enfermos em um grande hospital da terra. André Luiz estava impressionado com as manifestações de dor e aflição que presenciava. Preten­dia conhecer os que se entretinham na maldade, no crime, na inconformação...
Diante disso, Calderaro, o mentor, disse: Antes de mais nada, aprenda que  a perversidade deve ser vista como loucura, a revolta como ignorância e o desespero como enfermidade.
A cegueira do espírito é fruto da ignorância em manifestações primárias ou do obnu­bilamento da razão nos estados de aviltamento do ser. Convém estudarmos, mais detidamente, o cérebro do homem encarnado e o do homem desencarnado em posição desarmônica, por situarmos aí o órgão de manifestação da ati­vidade espiritual. 
André Luiz iniciou a observar um paciente. Notou-o abatido e pálido. O enfermo (encarnado) mantinha-se unido a deplorável enti­dade do plano espiritual, em míseras condições de infe­rioridade e de sofrimento. O doente, embora quase imóvel, acusava forte tensão de nervos. Não percebia com os olhos físicos, a presença do compa­nheiro de sinistro aspecto. Pareciam visceralmente jungidos um ao outro. Abundância de fios tenuíssimos mutuamente os entrelaçavam, des­de o tórax à cabeça, pelo que se me afiguravam dois prisioneiros de uma rede fluídica. Pensamen­tos de um deles com certeza viveriam no cérebro do outro.  Comoções e sentimentos seriam permutados entre ambos com matemática precisão. Espi­ritualmente, estariam, de contínuo, perfeitamente identificados entre si.
Calderaro disse: — Examina o cérebro de nosso irmão encar­nado.
Andre Luiz se concentrou na contemplação do delicado aparelho, centralizando toda a sua capacidade visual, de modo a analisá-lo interiormente. Assombrado, notou, pela primeira vez, que as irradiações emitidas pelo cérebro continham dife­renças essenciais. Cada centro motor assinalava-se com peculiaridades diversas, através das forças radiantes. Descobriu, surpreso, que toda a província cerebral, pelos sinais luminosos, se dividia em três regiões distintas. Nos lobos frontais, as zonas de associação eram quase brilhantes. Do córtex mo­tor, até a extremidade da medula espinhal, a cla­ridade diminuía, para tomar-se ainda mais fraca nos gânglios basais.
A entidade não se dava conta de nossa presença, em virtude do círculo de vibrações grosseiras em que se mantinha. Ele fixava toda a atenção no doente, que lembrava a sagacidade de um felino vigiando a presa. Decorridos alguns momentos, concluiu que tinha sob os olhos dois cérebros quase idênticos. Diferia o campo mental do desencarnado, revelando alguma superioridade no terreno da substância, que, no corpo perispiritual, era mais leve e menos obs­cura. As divisões lumino­sas, porém, eram em tudo análogas. Mais luz nos lobos frontais, menos luz no córtex motor e quase  nenhuma na medula espinhal, onde as irradiações se faziam difusas e opacas.
Calderaro o mentor argumentou, sorridente: Depois da morte física, o que há de mais surpreendente para nós é o reencontro da vida. Aqui aprendemos que o organismo perispirítico que nos condiciona em matéria mais leve e mais plás­tica, após o sepulcro, é fruto igualmente do pro­cesso evolutivo. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, con­quistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio. Não há favoritismo no Tem­plo Universal do Eterno, e todas as forças da Cria­ção aperfeiçoam-se no Infinito. A crisálida de cons­ciência, que reside no cristal a rolar na corrente do rio, aí se acha em processo liberatório; as ár­vores que por vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do Inverno e acalentadas pe­las carícias da Primavera, estão conquistando a memória; a fêmea do tigre, lambendo os filhinhos recém-natos, aprende rudimentos do amor; o símio, guinchando, organiza a faculdade da palavra.
Em verdade, Deus criou o mundo, mas nós nos con­servamos ainda longe da obra completa. Os seres que habitam o Universo ressumbrarão suor por muito tempo, a aprimorá-lo. Assim também a in­dividualidade. Somos criação do Autor Divino, e devemos aperfeiçoar-nos integralmente. O Eterno Pai estabeleceu como lei universal que seja a per­feição obra de cooperativismo entre Ele e nós, os seus filhos. Não podemos dizer que possuímos três cé­rebros simultâneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tome­mo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a «residência de nossos impulsos automáticos», simbolizando o sumário vivo dos ser­viços realizados; no segundo localizamos o «domi­cílio das conquistas atuais», onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edi­ficando; no terceiro, temos a «casa das noções su­periores», indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatis­mo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuimos, deste modo, nos três an­dares, o subconsciente, o consciente e o supercons­ciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro.

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